Thursday, August 03, 2006

poetas amigos

Aquela manhã
Na cidade
Todos despertaram
Com açucar
Nos Lábios
mas somente
Perceberam
Os que se beijaram.

Arthur Vinicius (sem título) de seu panfleto "Os mais frescos e Perfumados Poemas...".

Em qual detalhe eu me prendi
Que me retalho qual pano
Como um olhar vazio?
Onde dormi buscando a fúria
Querendo fogo num encontro de almas
Num balé suave ao redor do ninho?
Dando-nos as asas e os vôos
Em conjunto nessa terra árida
Nessa paisagem mutante de estruturas estáticas
Nesse deslizar do rio...
Criamos a nossa dança a dois
Para amenizar as feridas dos pés
Para celebrar uma pétala que nos complete
Um fio de oliva.
E navego por essa pele tomada de zelo
Por esse apelo lírico que ferve na boca
Por esse ser, em criação, prenunciando o futuro.
Por minha mulher
Que amo além das linhas do mundo
Que observo nua como minha poesia viva
Que toco com os dedos
Onde me sinto um
Onde construo numa nova estrada:
Uma nova arte...

poema de Pedro Henrique Samoza (sem título), veja em links sua página


lapa de baixo
feia que dói
coitada

sob chuva miúda
cachorro dorme na porta do boteco
com o focinho entre as patas

passante franze a testa
imaginando ao atravessar a rua
um muxoxo no rosto do enforcado

a luz branca
a tudo corrói


Escrito por Danilo Monteiro (sem título), sobre a Lapa paulistana e suas cores. Nos links, encontrarás o caminho para o blog do Danilo. Boa viagem...

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